Voltaire
“…depois do jantar….Cunegundes e Cândido encontraram-se
atrás de um biombo. Cunegundes deixou cair o lenço, Cândido apanhou-o; ela
segurou-lhe inocentemente a mão; o jovem beijou-lhe inocentemente a mão com uma
vivacidade, uma sensibilidade, uma graça, muito particulares; as bocas
encontraram-se, os olhos inflamaram-se, os joelhos tremeram, as mãos
desatinaram. O Sr Barão de Thunder-ten-tronckh passou ao pé do biombo e, vendo
esta causa e este efeito, expulsou Cândido do castelo aos pontapés no rabo.
Cunegundes desmaiou. Quando voltou a si, foi esbofeteada pela Srª Baronesa e
houve uma grande consternação no mais belo e agradável dos castelos possíveis”.
Começaram assim as desventuras de Cândido, que uma forçada
peregrinação pelo mundo, com escala em Lisboa, onde o surpreende o terramoto de
1755, obriga a reconhecer que, ao contrário do que lhe ensinara Pangloss, este
mundo não é afinal o melhor dos mundos possíveis.
É uma das mais célebres obras de Voltaire, onde o leitor
poderá saborear toda a força da ironia alegre mas mordaz daquele que foi um dos
principais precursores da Revolução Francesa.
Da contracapa
Editado
pelas Publicações Europa-América em 1973
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