Uma Noite de
Urgência Infernal
Tinha um problema familiar a que não queria faltar
e ia dizendo que era muito fácil tinha sempre muito poucos doentes e coisas sem
importância e era uma grande favor que nos pedia .
A vontade de ajudar era sempre o que
nos movia, ainda inseguro falei com um colega e amigo o Afonso Domingues que
aceitou e lá fomos para o Hospital de Sintra que pertencia à Misericórdia, um
belo edifício hoje encerrado e em ruínas.
Mal
chegámos percebemos logo que não estava nada calmo, muitos doentes para atender
e para complicar a situação eu estava com febre e uma valente amigdalite.
Tanto doente devia-se ao dia festivo -era
dia das Festas de S. Pedro de Sintra.
O pequenote
(como lhe chamava o Afonso Domingues) já nos enganou!!
Naquela tarde/noite apareceu de tudo:
traumatismos graves que tivemos que transferir para outros Hospitais, patologias
das mais variadas ,bebedeiras ,intoxicações alimentares, foi sempre a
trabalhar.
Para culminar este quadro dantesco já sobre
a manhã chega uma jovem já cadáver , tinha ingerido um veneno que na época se
usava na agricultura -o 605 forte- ao que nos disseram por desgosto de amor.
Um inferno naquela Urgência a família em
desespero aos gritos até que finalmente chega a hora de sairmos daquele suplício.
Ficou uma recordação tenebrosa duma das
piores noites de Urgência da nossa vida.
Para
culminar o “Pequenote” nunca nos pagou!!!
A.M.