João Lobo Antunes
O progresso científico e tecnológico das últimas décadas, o controlo
cada vez mais vigilante dos políticos, dos media e dos próprios doentes, e a
necessidade de trabalho em equipa, tiveram repercussões marcadas no ensino e na
práctica da Medicina.
Neste volume de extremo interesse para os
especialistas, mas igualmente acessível a leigos, o autor reflecte o modo
pessoal de viver a Medicina, inspirado numa filosofia humanista que pretende
preservar valores essenciais da profissão. Nestes ensaios abordam-se temas tão
diversos como o ensino da ética, o erro, a alma, a dor, o hospital onde se
ensina, a comunicação entre médico e doente, tomando como referência uma novela
de Tolstoi, os males que afligem essa comunicação. Partindo da sua experiência,
o autor medita ainda sobre o ensino e aprendizagem da sua especialidade e faz o
elogio de algumas personalidades que o marcaram. De particular interesse
histórico são uma breve nota sobre os encontros entre Cushing, pai da
Neurocirurgia, e Reynaldo dos Santos, cirurgião iminente e historiador de Arte,
e a correspondência inédita de Egas Moniz para o seu discípulo Almeida Lima.
O Autor
João Lobo Antunes (1944-2016), foi neurocirurgião de relevo e Professor Catedrático de
Neurocirurgia da Faculdade de Medicina de Lisboa. Fundador e presidente do
Instituto de Medicina Molecular, assumiu ainda a presidência do Conselho
Nacional de Ética para as Ciências da Vida. Defensor de uma visão humanista da
medicina e detentor de vasta cultura, publicou sete livros de ensaios: Um
Modo de Ser (1996), Numa Cidade Feliz (1999), Memória de
Nova Iorque e Outros Ensaios (2002), Sobre a Mão e Outros
Ensaios (2005), O Eco Silencioso (2008), Inquietação
Interminável (2010) e Ouvir Com Outros Olhos (2015); uma
biografia de Egas Moniz (2010); e, na colecção «Ensaios» da Fundação
Francisco Manuel dos Santos, A Nova Medicina (2012).
Entre as várias distinções que recebeu conta-se o
Prémio Pessoa (1996) e o Prémio da Universidade de Lisboa (2013). Foi ainda
agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (2004) e Grã-Cruz da
Ordem Militar de Sant'Iago de Espada (2014), que distingue o mérito literário,
científico e artístico.
Edição da Gradiva
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