sábado, 7 de janeiro de 2023

A COSTA DOS MURMÚRIOS

 


Lídia Jorge 

Centrada no virar dos anos sessenta para os setenta, em plena guerra colonial, a acção de A Costa dos Murmúrios inventa, com talento e precisão, o estranho mundo que medeia entre os actos de guerra e o pensamento e sentimentos dos que protagonizam o jogo violento entre dominadores e dominados, questionando, através de um clima épico e de uma dimensão trágica, a própria História e a consciência do País.

O romance é constituído por duas partes que se refazem e se reinventam. Um primeiro “livro”, chamado “Os Gafanhotos”, é a evocação, na terceira pessoa, de um caso singular ocorrido na guerra colonial e que filtra, em tons inesquecivelmente mágicos e simbólicos, a boda do alferes Luís Alex no Hotel Stella Maris. No segundo “livro “ “A Costa dos Murmúrios” propriamente dita, Eva Lopo, vinte anos mais tarde, revela e alarga o que antes se apresentara como enigma, repondo a verdade da História.

 

Da contracapa

 A Autora

Lídia Jorge nasceu no Algarve, em Boliqueime, concelho de Loulé, numa família de agricultores e emigrantes.

Licenciou-se em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Posteriormente foi professora do Ensino Secundário. Foi nessa condição que passou alguns anos em Angola e Moçambique, durante o último período da guerra colonial, mas a maior parte da sua carreira docente foi em Portugal. Foi também Professora convidada da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa entre 1995 e 1999. Foi membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social e integrou o Conselho Geral da Universidade do Algarve.

O seu primeiro romance, O Dia dos Prodígios (1980), constituiu um acontecimento num período em que se inaugurava uma nova fase da literatura portuguesa e desde logo a autora se tornou um dos nomes mais mencionados no domínio literário. Seguiram-se O Cais das Merendas (1982), Notícia da Cidade Silvestre (1884), A Costa dos Murmúrios (1988), A Última Dona (1992) O Jardim sem Limites (1995), O Vale da Paixão (1998). O Vento Assobiando nas Gruas (2002). Combateremos a Sombra (2007), Contrato Sentimental (2009), A Noite das Mulheres Cantoras (2011). Os Memoráveis (2014), Estuário (2018)

Embora tendo escrito poesia desde muito jovem só em 2019 publica o seu primeiro livro, O Livro das Tréguas. Lídia Jorge publicou antologias de contos, Marido e Outros Contos (1997), O Belo Adormecido (2003), e Praça de Londres (2008), para além das edições separadas de A Instrumentalina (1992) e O Conto do Nadador (1992). Em 2016 publicou O Amor em Lobito Bay.

Em 2020, com o título de Em Todos os Sentidos, reuniu as crónicas que leu, ao longo de um ano, aos microfones da Rádio Pública, Antena 2.

 

Nota de rodapé

Este admirável romance de Lídia Jorge publicado em 1988, confirmou a escritora como uma figura destacada da literatura portuguesa do século XX. Nasce a partir das vivências africanas da autora durante a guerra colonial, primeiro em Angola depois em Moçambique.

Considero esta obra ficcional uma das melhores que li da chamada literatura da guerra colonial. FC

 

Edição das Publicações D. Quixote

 


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