Lídia Jorge
Centrada no virar dos
anos sessenta para os setenta, em plena guerra colonial, a acção de A Costa
dos Murmúrios inventa, com talento e precisão, o estranho mundo que medeia
entre os actos de guerra e o pensamento e sentimentos dos que protagonizam o
jogo violento entre dominadores e dominados, questionando, através de um clima
épico e de uma dimensão trágica, a própria História e a consciência do País.
O romance é constituído
por duas partes que se refazem e se reinventam. Um primeiro “livro”, chamado
“Os Gafanhotos”, é a evocação, na terceira pessoa, de um caso singular ocorrido
na guerra colonial e que filtra, em tons inesquecivelmente mágicos e
simbólicos, a boda do alferes Luís Alex no Hotel Stella Maris. No segundo
“livro “ “A Costa dos Murmúrios” propriamente dita, Eva Lopo, vinte anos mais
tarde, revela e alarga o que antes se apresentara como enigma, repondo a
verdade da História.
Da contracapa
Lídia Jorge nasceu no
Algarve, em Boliqueime, concelho de Loulé, numa família de agricultores e
emigrantes.
Licenciou-se em Filologia
Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Posteriormente foi
professora do Ensino Secundário. Foi nessa condição que passou alguns anos em
Angola e Moçambique, durante o último período da guerra colonial, mas a maior
parte da sua carreira docente foi em Portugal. Foi também Professora convidada
da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa entre 1995 e 1999. Foi membro
da Alta Autoridade para a Comunicação Social e integrou o Conselho Geral da
Universidade do Algarve.
O seu primeiro romance, O
Dia dos Prodígios (1980), constituiu um acontecimento num período em que se
inaugurava uma nova fase da literatura portuguesa e desde logo a autora se
tornou um dos nomes mais mencionados no domínio literário. Seguiram-se O
Cais das Merendas (1982), Notícia da Cidade Silvestre (1884), A
Costa dos Murmúrios (1988), A Última Dona (1992) O Jardim
sem Limites (1995), O Vale da Paixão (1998). O Vento
Assobiando nas Gruas (2002). Combateremos a Sombra (2007), Contrato
Sentimental (2009), A Noite das Mulheres Cantoras (2011). Os Memoráveis
(2014), Estuário (2018)
Embora tendo escrito
poesia desde muito jovem só em 2019 publica o seu primeiro livro, O Livro
das Tréguas. Lídia Jorge publicou antologias de contos, Marido e Outros
Contos (1997), O Belo Adormecido (2003), e Praça de
Londres (2008), para além das edições separadas de A Instrumentalina
(1992) e O Conto do Nadador (1992). Em 2016 publicou O Amor em Lobito
Bay.
Em 2020, com o título de Em
Todos os Sentidos, reuniu as crónicas que leu, ao longo de um ano, aos
microfones da Rádio Pública, Antena 2.
Nota de rodapé
Este admirável romance de
Lídia Jorge publicado em 1988, confirmou a escritora como uma figura destacada
da literatura portuguesa do século XX. Nasce a partir das vivências africanas
da autora durante a guerra colonial, primeiro em Angola depois em Moçambique.
Considero esta obra ficcional uma das melhores que li da chamada literatura da guerra colonial. FC
Edição
das Publicações D. Quixote
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