Charles Dellon
Edições Antígona, 1996
Notas de leitura
O título pouco me disse quando deparei há alguns anos com este livro no escaparate de uma livraria.
Goa?! da
fúria inquisitorial nessas paragens pouco sabia, apenas tinha conhecimento
do facto espantoso da condenação pelo Tribunal do Santo Ofício em 1580 - doze
anos após a sua morte - do médico Garcia de Orta por judaísmo, do que resultou a exumação dos seus restos mortais que depois foram lançados à
fogueira. Já em 1569, a sua irmã Catarina tinha sido queimada viva pelo crime
de judaísmo, num auto-de-fé em Goa.
Mas … voltemos a este livro, é a primeira vez que leio um relato na
primeira pessoa de alguém que caiu na teia dos processos da Inquisição e que nos deixou um testemunho, muito bem narrado, dos anos de tormentos vividos nas masmorras do Santo Ofício.
Quem foi Charles Dellon?
Um médico francês, católico, nascido em 1649 e falecido provavelmente em
1709. Depois de ter passado por Cabo Verde, ilha da Reunião e Moçambique,
fixou-se em Damão em 1673 para exercer a sua profissão. Vítima do obscurantismo,
foi acusado de heresia e no mesmo ano foi preso em Goa, onde começou a sua
tragédia.
Assim, se quiser saber “tudo” sobre este período de trevas
da nossa História, que se prolongou por quase três séculos, comece por este
livro. FC
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