segunda-feira, 30 de novembro de 2020

UM OLHAR SOBRE A POBREZA

 






Vulnerabilidade e exclusão social no Portugal contemporâneo

 

Em Portugal, a pobreza continua, de modo geral, a ser entendida como fenómeno residual e periférico. Os programas de combate à pobreza têm sido, igual e maioritariamente, residuais e periféricos. São residuais, na medida em que constituem um acrescento marginal às políticas económicas e sociais; e são periféricos porque não atingem os factores estruturais que residem na sociedade dominante (mainstream society).

Este é um livro sobre problemas estruturais da sociedade portuguesa. A «fragilidade» estrutural da sociedade portuguesa ressalta bem evidente no estudo longitudinal da pobreza em Portugal. Com efeito, durante pelo menos um dos anos do período entre 1995 e 2000 passaram pela pobreza 46% de portugueses.

Entendem, pois, os autores que esta deve ser uma dimensão de referência de qualquer plano de combate à pobreza em Portugal, dado que este é um fenómeno seguramente mais extenso do que o retrato instantâneo captado pelas taxas de pobreza anual.

Atendendo à quase manutenção ou redução diminuta da taxa de pobreza em Portugal durante as duas décadas de integração europeia, parece evidente que os consideráveis recursos públicos e privados despendidos durante esse tempo não atingiram as verdadeiras causas da pobreza. É, pois, chegado o momento de uma séria reflexão sobre o assunto.

A precariedade laboral, embora factor de vulnerabilidade acrescida à pobreza, não constitui traço característico da situação laboral da grande maioria das pessoas pobres, pelo que, a este nível, as causas da pobreza devem ser procuradas em aspectos mais profundos do mercado de trabalho.


Por outro lado, são fundamentais medidas decisivas e eficazes que permitam eliminar ou reduzir drasticamente a situação de pobreza dos pensionistas, que representam um terço das pessoas pobres em Portugal.

Este livro põe em evidência que a pobreza, enquanto problema persistente da sociedade portuguesa, exige soluções que dependem não apenas de políticas sociais, certamente indispensáveis, mas também da política económica.

Os Autores

Alfredo Bruto da Costa tem larga experiência de estudo e investigação no domínio da pobreza, tema do seu doutoramento na Universidade de Bath (Reino Unido). Leccionou em diversos cursos de licenciatura e mestrado.

Isabel Baptista, antropóloga, Pedro Perista e Paula Carrilho, sociólogos, desenvolvem o seu trabalho de investigação no CESIS - Centro de Estudos para a Intervenção Social, entidade promotora deste estudo e que condensa vasta experiência de investigação no domínio da pobreza e da exclusão social.

Da contracapa 

 

Editado pela Gradiva em 2008

Nota de rodapé

Publicado em 2008 e infelizmente ainda muito actual.


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