James Walvin
Uma grande síntese da
história global da escravatura, desde a Antiguidade Clássica até ao
Abolicionismo, em 1807, com especial incidência no tráfico negreiro do
Atlântico.
James Walvin procedeu à selecção dos textos históricos que têm a
capacidade de recriar o enquadramento social e económico que tornou possível –
e até moralmente aceitável – uma instituição tão bárbara e desumana. Colocando
lado a lado estes documentos históricos e a própria narrativa de Walvin,
incisiva e impiedosa, do ponto de vista histórico, as duas perspectivas formam
um estudo definitivo sobre o tráfico de escravos do Atlântico, permitindo a
compreensão mais nítida da ascensão e queda de um dos episódios mais
vergonhosos da história europeia, bem como das repercussões que ainda se fazem sentir
na sociedade contemporânea.
O autor sugere que a viabilidade económica dos territórios
colonizados da América do Norte ficou a dever‑se ao uso de escravos para o
trabalho nas plantações. Na época, considerava‑se que os índios americanos nativos eram desprovidos da
imunidade necessária para sobreviver às enfermidades trazidas pelos colonos
brancos. O trabalho escravo foi determinante para o sucesso das primeiras
plantações de açúcar e tabaco, que conduziu a uma procura crescente destes
produtos na Europa, o que alimentava, por sua vez, a expansão do tráfico de
escravos transatlântico.
Walvin sugere ainda que a riqueza e a posição
de poder hoje ocupada pela Grã‑Bretanha e pelos Estados Unidos se deve, em
grande medida, à exploração dos escravos, uma vez que os bens produzidos por
estes eram fundamentais na economia de ambos os países. Para além disso, o
trabalho escravo fomentou e acelerou a própria Revolução Industrial e a
emergência da indústria capitalista.
Portanto, Walvin considera que esta é uma dívida
ainda não saldada, pois, para além de todos os infames pressupostos morais que
possibilitaram a exploração de trabalho escravo, os danos infligidos no
continente africano incluem uma perda maciça de população e o desrespeito pelas
estruturas sociais, de modo a assegurar o tráfico negreiro ao longo de mais de
quatro séculos. A perda de dignidade, devido ao facto de lhes ser
sistematicamente negada a humanidade por parte dos europeus – o único modo de
justificarem o tratamento que lhes davam – foi talvez a consequência social
mais insidiosa.
Sinopse da Editora
“Arrancado a um estado de inocência e
liberdade de forma tão cruel e bárbara, e assim remetido para um estado horror
e escravatura: eis uma situação de abandono que é mais fácil imaginar do que descrever.”
Ottobah Cugoano, 1787
(escravo sobrevivente de uma viagem
transatlântica)
Da contracapa
O Autor
James Walvin foi professor durante vários anos
na Universidade de York, onde hoje ocupa o cargo de professor emérito de
História, tendo sido também professor visitante em várias universidades das
Caraíbas, dos EUA e da Austrália. É autor de diversos livros sobre história da
escravatura e do comércio de escravos, como Black Ivory: A History of
British Slavery. A sua obra Black and White foi galardoado com o
prémio Martin Luther King Memorial.
Publicado pelas Edições Tinta
da China
Sem comentários:
Enviar um comentário