domingo, 1 de setembro de 2024

O LABIRINTO DOS PERDIDOS





AMIN MAALOUF

Sinopse

Maalouf regressa com um ensaio geopolítico bastante aguardado. O autor, que tem sido um guia para quem procura compreender os desafios significativos do mundo moderno, oferece, nesta obra substantiva e profunda, os resultados de anos de pesquisa. Uma reflexão salutar em tempos de turbulência global, de um dos nossos maiores pensadores. De leitura obrigatória.

Uma guerra devastadora eclodiu no coração da Europa, reavivando dolorosos traumas históricos. Desenrola-se um confronto global, colocando o Ocidente contra a China e a Rússia. É claro para todos que está em curso uma grande transformação, visível já no nosso modo de vida, e que desafia os alicerces da civilização. Embora todos reconheçam a realidade, ainda ninguém examinou a crise atual com a profundidade que ela merece.

Como aconteceu? Neste livro, Amin Maalouf aborda as origens deste novo conflito entre o Ocidente e os seus adversários, traçando a história de quatro nações proeminentes.

O AUTOR


Amin Maalouf é um jornalista e romancista libanês. Venceu o Prix des Maisons de la Presse, o prémio Goncourt e o prémio Príncipe das Astúrias.

É membro da Academia Francesa desde 2011. Foi chefe de redação, e mais tarde editor, do Jeune Afrique. Durante 12 anos foi repórter, tendo realizado missões em mais de 60 países.

A maior parte dos seus livros apresenta um cenário histórico e, à semelhança de Umberto Eco, Orhan Pamuk e Arturo Pérez-Reverte, Maalouf mistura factos históricos fascinantes com fantasia e ideias filosóficas.

Numa entrevista, afirmou que o seu papel enquanto escritor consiste em criar «mitos positivos».

Escritas com a habilidade de um magnífico contador de histórias, as obras de Maalouf dão-nos uma visão apurada dos valores e comportamentos de diferentes culturas do Médio Oriente, de África e do mundo mediterrânio.

                                               EDITADO PELA MARCADOR EDITORA       

quarta-feira, 29 de maio de 2024

DIAS DE VENTO SUL

 

Jorge Seabra

A descoberta de um contentor afundado desperta, em Santiago Sá, interrogações que vão alterar o seu quotidiano de engenheiro civil a recuperar de uma traumática viuvez. Quando pensa estar a ultrapassar as sombras do passado, uma nova tragédia volta a atirá-lo para o abismo, obrigando-o a um renovado esforço de superação das memórias que o perturbam. E é no encontro de novas relações que os acontecimentos se sucedem, cruzados por interesses antagónicos com a alternância de um jogo de xadrez, envolvendo, entre outros, uma jovem mergulhadora, a elegante directora do Serviço de Fronteiras, um velho marinheiro influente na comunidade piscatória de Buarcos, um boss da mafia siciliana preso no Algarve, o inspector Júlio Reis da Polícia Judiciária e uma excêntrica bilionária nova-iorquina, sobrevivente dos campos de concentração nazis, com ligações familiares abaladas por dramáticos episódios da II Guerra Mundial, assessorada pela sua secretária pessoal e pelo advogado de confiança, sua longa manus operacional. Numa intensa narrativa que viaja por diversos locais e ambientes, onde perpassam diferenças sociais e a memória de várias gerações, "Dias de Vento Sul" percorre um trepidante caminho atravessado por dilemas, tragédias e paixões, que levam o leitor a ficar agarrado à sua leitura.

O Autor

 Jorge Freitas Seabra, médico, foi Director do Serviço de Ortopedia Infantil do Hospital Pediátrico de Coimbra, Presidente da Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia e Presidente da Sociedade Ortopédica de Língua Portuguesa, tendo-lhe sido atribuída a Medalha de Mérito da Ordem dos Médicos.
Autor de livros científicos e dos livros de ficção: Anos de eclipse (1999), O tempo só falta no fim (2002), O cão andaluz (2007) – Prémio “Fialho de Almeida” de 2007 (prémio bienal para o melhor romance de ficção instituído pela Sociedade Portuguesa de Escritores e Artistas Médicos – SOPEAM).
Dias de Vento Sul, agora publicado, foi também vencedor do Prémio “Fialho de Almeida” atribuido pela SOPEAM em 2022.

                        Editado pela Edições Esgotadas

sábado, 20 de abril de 2024

Um Amor Insólito




Rui Sobral de Campos

 

Matilde e Carlos se enamoraram na Faculdade de Medicina. Não existiu, como era hábito para a época, pedido de namoro. Simplesmente após um encontro, que decorreu numa das diversas atividades da Universidade de Coimbra, beijaram-se e acabaram por encetar um relacionamento que, até acabar inesperadamente quatro anos mais tarde por iniciativa de Matilde, se foi desenvolvendo muito bem, com grande felicidade.


Matilde se tinha apaixonado por João Castelo, que viria a se tornar o seu primeiro marido, enquanto Carlos, deprimido e carente de afeto, acabou por se casar com Cláudia alguns anos depois. Três décadas mais tarde, mais precisamente quando Carlos foi empossado como diretor do Departamento de Anatomia de uma universidade privada, Matilde dirigiu-se ao instituto para cumprimentá-lo.

As relações afetivas humanas nem sempre são claras e fáceis de explicar, muitas vezes são perplexas e difíceis de entender, foi nessa base que incidiu a construção de Um Amor Insólito, que tenta analisar os encontros e os desencontros amorosos que vão pautando a existência, sem que seja possível tirar conclusões definitivas que justifiquem os diversos acontecimentos, frutos das opções tomadas, as quais nem sempre seguem a lógica.

Muitas vezes, os aspetos referidos, por familiares chegados, divergem mesmo sobre factos idênticos: as apreciações, sejam positivas ou negativas, têm a tendência para expressar, de modo inconsciente, as conceções de vida que afetam os testemunhos dos inquiridos.

Sinopse

 

O Autor

 

Rui Sobral de Campos nasceu em 1941 no Porto. Licenciado em Medicina e em História, trabalhou em hospitais públicos e privados de 1970 a 2012.
Publicou cinco romances, entre os quais Em Nome de Meu Pai, distinguido com o Prémio Fialho Almeida Ficção 2019 da Sociedade Portuguesa de Escritores e Artistas Médicos, A Informadora – Crónica de anos sombrios e A Herdade do Mocho.
Na sua obra literária, Sobral de Campos procura não deixar que o iníquo Estado Novo caia no esquecimento, visto que as novas gerações, sobretudo as nascidas pós 25 de Abril, têm legitimamente outras preocupações.
Outros temas que lhe interessam têm a ver com as desigualdades sociais que manietam Portugal, bem como a lenta subida do elevador social.
Um amor insólito é o seu sexto livro.

 

Editado pela Europa Editora





João Taborda Portuguese Salon

 

Candidaturas abertas

De 30 janeiro a 15 maio 2024




Criado pela viúva de João Taborda, o Salão Português de Fotografia online de âmbito internacional conta com o apoio de fotógrafos de renome mundial.

O concurso tem a designação de João Taborda Portuguese Salon em homenagem a um homem que dedicou toda a sua vida não profissional à fotografia, a sua grande paixão.

O ano passado o concurso foi um sucesso e por isso repete-se novamente este ano com o único objetivo de divulgar a fotografia que se faz em Portugal e o papel relevante que poderá ocupar na arte fotográfica internacional.

O concurso destina-se a todos os amantes de fotografia, fotógrafos amadores e profissionais.

As inscrições estão abertas até ao próximo dia 15 de maio aqui

sábado, 16 de março de 2024

PARA QUE A MEMÓRIA NÃO SE APAGUE

 

Fez esta noite 50 anos, que os Tenentes Rocha Neves (já falecido), Virgílio Varela (já falecido) e Silva Carvalho (meu comandante de companhia em 1980/81) deram ordem de prisão aos então 1º e 2º comandantes do Regimento de Infantaria das Caldas da Rainha (na altura RI5) dando início ao que se chamou a intentona das Caldas.

 

O resultado é conhecido, com a Unidade a ser cercada já durante o dia por forças fiéis ao regime da Região Militar de Tomar. Os militares revoltosos sabiam que a força que os cercava contava com oficiais afectos ao Movimento das Forças Armadas, o que lhes deu alguma tranquilidade quanto à eventualidade de um confronto armado.  Tal era o estado de um dos pilares do regime!

 

Seguiu-se a rendição do Regimento com 33 oficiais a serem detidos, agredidos e transferidos para a prisão militar da Trafaria. Destes conheci os Capitães : Silva Carvalho, Rocha Neves, Bettencourt Coelho, João Madalena Lucas, Ivo Garcia, Montalvão e Carreira Ângelo (comandante da minha companhia de instrução). Os sargentos e praças foram levados para o Campo Militar de Santa Margarida.

 

Estes militares só seriam libertados 40 dias depois pelos seus camaradas da Escola Prática de Artilharia de Vendas Novas, que teve por missão posicionar as suas peças na base do Cristo Rei, as quais com o seu efeito dissuasor foram determinantes na neutralização, sem disparos, da fragata Gago Coutinho, entretanto posicionada em frente ao Terreiro do Paço, onde se encontrava a força da Escola Prática de Cavalaria comandada pelo Capitão Salgueiro Maia.

 

Um aspecto pouco conhecido, é que a estes 33 oficiais libertados na noite do 25 de Abril, pelos seus camaradas da EPA de Vendas Novas, foram atribuídas imediatamente missões pelo MFA, tendo só regressado às suas casas alguns dias depois. O Tenente Silva Carvalho, hoje Coronel, foi incumbido de coordenar as forças do Movimento no Quartel-General de S. Sebastião da Pedreira (Lisboa).

 

Convivi diariamente com estes homens durante 17 meses, enquanto cumpria o Serviço Militar no RI das Caldas. Deixaram-me uma forte impressão de modéstia, discrição, sem ambições de poder, e que por terem sido levados a fazer a guerra tinham uma consciência muito nítida, muito madura do valor da Paz.

Vivemos tempos conturbados de corrida aos armamentos em que o perigo da emergência de um conflito de grande dimensão é real. É preciso falar mais de Paz e menos de guerra.

Sem passado não há presente.

 

C.F.



 


domingo, 28 de janeiro de 2024

CONCURSO INTERNACIONAL DE FOTOGRAFIA: "JOÃO TABORDA MEMORIAL SALON"


 


Depois do “João Taborda Memorial Salon“, salão internacional de fotografia organizado online, com o reconhecimento de importantes sociedades fotográficas internacionais, este ano realiza-se o “João Taborda Portuguese Salon”. Ambos os salões homenageiam o médico e fotógrafo (por paixão) português, que dá nome a estes certames e que recebeu ao longo da vida inúmeros prémios internacionais . Durante anos, este médico foi júri permanente do Salão Internacional do Algarve que viria a terminar por motivos económicos, o que considerou uma perda enorme para a fotografia portuguesa, facto que o levou a sonhar sempre com a criação de um salão internacional português de fotografia.

Conforme explica Fátima Taborda, que está a assegurar a realização desse sonho que João Taborda já não conseguiu concretizar, o concurso “João Taborda Portuguese Salon” mantém como único objetivo “divulgar a excelência da fotografia que se faz em Portugal e o papel relevante que esta poderá ocupar na arte fotográfica internacional. Neste momento, torna-se premente que o nosso país se imponha no mundo fotográfico mundial”, explica, alertando que o nome do país está “a ser usado de forma abusiva”. Para o sucesso do salão é essencial a boa adesão dos amantes de fotografia portugueses. Fátima Caeiro Taborda espera um sucesso pelo menos idêntico ao do ano passado: “É com enorme felicidade que posso informar que o número global de participantes em 2023 foi de 192, provenientes de 48 países, sendo 22% de nacionalidade portuguesa. E o número total de fotografias a concurso ascendeu a 2911!”

Entre os vencedores houve diversos fotógrafos portugueses: Jorge Bacelar, André Boto, Fernando Penim Redondo, Ana Marta Bastos e Jorge Gonçalves Silva entre outros. “Posteriormente foi efetuada uma exposição pública de todos os trabalhos premiados na Biblioteca Orlando Ribeiro em Lisboa”.

O prazo de candidatura ao concurso deste ano termina a 15 de Maio de 2024 e destina-se a todos os amantes de fotografia, fotógrafos amadores e profissionais que podem aceder ao site aqui: https://theiaap.com/e/joaotaborda/

Do site da Ordem dos Médicos


terça-feira, 9 de janeiro de 2024

SER MORTAL

                                                                       


Como é que enfrentamos o envelhecimento das pessoas que amamos? Apesar de trabalhar há anos como cirurgião, Atul Gawande só se apercebeu até que ponto estava mal preparado para lidar com a morte quando foi confrontado com a decadência do pai. Estaria o pai disposto a viver até onde fosse medicamente possível? Ou só enquanto tivesse qualidade de vida? E em casa ou num lar? O que era realmente importante? As respostas, não lhe eram dadas por uma ciência cada vez mais desumanizada. A medicina, com todos os extraordinários progressos tecnológicos, tem vindo a centrar-se cada vez mais em (apenas) manter os pacientes vivos. O coração falha? Há cirurgias, próteses e transplantes. O resto pouco importa. Na pior das hipóteses o paciente volta ao bloco operatório para nova intervenção. Esquecida fica assim a vida nos intervalos das consultas e cirurgias. No entanto, conforme defende Gawande, devemos encarar a medicina como uma forma de prolongar a qualidade de vida. Existem geriatras, lares, hospitais, unidades de cuidados paliativos que oferecem aos pacientes dignidade, auto-estima, autonomia. Provam que o fim pode ser (re)escrito de outra maneira - muito mais feliz. Leitura obrigatória para quem envelhece ou testemunha a velhice, Ser Mortal é o melhor e mais pessoal livro de Atul Gawande. Filosófico por vezes, comovente quase sempre, é a corajosa narrativa de um médico que conhece os limites da ciência, mas também o modo como ela nos pode servir melhor.


O Autor

Atul Gawande é cirurgião, escritor e investigador na área de Saúde Pública. Pratica Cirurgia Geral e Endócrina no Brigham and Women’s Hospital. Dá aulas no Departamento de Política e Gestão de Saúde na Faculdade de Saúde Pública de Harvard e também de Cirurgia Geral na Faculdade de Medicina de Harvard. Dirige o Ariadne Labs, um centro de inovação em sistemas de saúde, e preside à Fundação Lifebox, uma ONG que procura melhorar a prestação dos cuidados de saúde a nível global, ajudando os países com menos recursos.

Nos quadros da revista New Yorker desde 1998, escreveu três bestsellers do New York Times: A Mão Que Nos Opera (finalista do National Book Award), Ser Bom Não Chega e O Efeito Checklist (publicados pela Lua de Papel). Recebeu dois National Magazine Awards, ganhou a MacArthur Fellowship e o prémio Lewis Thomas para Obras sobre Ciência.


Edição da Lua de Papel

sexta-feira, 24 de novembro de 2023

EXPOSIÇÃO DE PINTURA DE RICARDO LAIRES

                           Ricardo Laires Exposição de Pintura

  Centro Galego de Lisboa 25 a 30 Novembro 2023

RICARDO  PETTERMANN  LAIRES 

   Nasceu em Lisboa a 4 de Julho de 1948

  Licenciado em Medicina .Oftalmologista
   Frequentou os cursos de desenho e pintura no Instituto de Artes e Ofícios
  da UAL de Lisboa,orientados pelo Prof.José Mouga (2009-2015)
  EXPOSIÇÕES
2011 Galeria do Instituto de Artes e Ofícios da UAL (colectiva)
2012 Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (individual)
           Galeria do IAO da UAL (colectiva)
2013 Galeria da Ordem dos Médicos em Lisboa(individual)
           Galeria Municipal de Torres Vedras (colectiva)
2014 Salão Nobre do Teatro da Trindade de Lisboa(exposição de dois pintores)
2015 Edifício Central do Município de Lisboa (exposição de dois pintores)
2016 Affordable Art Fair (Fevereiro,Bruxelas)/Galeria Gaudi(Madrid)
           Hotel NH-Campo Grande/Metizartis,Abril/Lisboa (individual)
            Feira Internacional de Arte Contemporânea(Maio,San Sebastian)/Galería Gaudi
            Art Santa Fé Fair(Julho,EUA)/Galería Gaudi
           Affordable Art Fair (Outubro,Amsterdam)/Galería Gaudi
2017  Marzia Frozen,Abril/Berlin(colectiva)
           Metizartis/Museu Militar de Lisboa,Maio(colectiva)
           Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (4 Nov.a 20 Dez./individual)
2018  Artbox.Project na Stricoff Gallery NEW YORK(5-16 Março/colectiva)
            Xuventude de Galícia/Centro Galego de Lisboa (22 Set a 4 Out/individual)
2019  Xuventude de Galícia/Centro Galego de Lisboa(13 Abril a 10 Maio)
2020  Xuventude de Galícia/Centro Galego de Lisboa (17 a31 Outubro)
2021  Centro Galego de Lisboa (4-18 Dez.exposição de dois pintores)
2022  Feira de Arte Contemporânea/Metizartis,Madrid(23 a 27 Fev.)
            Festival “All You Need is Art”Cordoaria Nacional/Metizartis(23-27 Março)
            Galeria R.Rodyner palacete Casa da Guia Cascais(28 Maio a 28 Junho)
             Exposição individual “Fragmentos”
             Contemporary Venice 2022-11thEdition(21 Oct-10 Nov)
2023   Exposição colectiva na Arca Gallery Portugal,intitulada “Para além da cor”
             Maio 2023
            Coleções particulares:
            Representado em várias coleções particulares em Lisboa,Porto,Aveiro,
            Portimão,Loulé ,Madrid,Bruxelas,Amsterdão,Berlim e Califórnia.     
             Quadro escolhido para capa de livro de monografia acerca da presbiopia,
             editado pela Sociedade Portuguesa de Oftalmologia.
            Quadros escolhidos para a revista internacional Spotlight Magazine 30.               
                                                   Lisboa,Julho 2023
                                               Ricardo  Pettermann  Laires  
                                                 ricardolairesrl@yahoo.com 
                             

terça-feira, 10 de outubro de 2023

A INQUISIÇÃO DE LISBOA (1537-1579)





Daniel Norte Giebels

 

Muitas páginas foram escritas sobre o impacto da actividade da Inquisição portuguesa.

Poucas, porém, revelam o interior dos seus tribunais distritais, sendo o de Lisboa aquele que, até à publicação desta obra, menos se conhecia e, no entanto, mais importava conhecer, considerando a precedência e centralidade que assumiu durante o processo de estabelecimento da Inquisição em Portugal.

É  o primeiro estudo monográfico sobre a Inquisição de Lisboa. A abordagem quis-se inédita, procurando uma visão integral do funcionamento do tribunal entre 1537 e 1579, recorrendo a um exaustivo trabalho de levantamento de fontes régias, eclesiásticas e inquisitoriais, como os 3000 processos que se consultaram.

O leitor poderá conhecer quem eram os servidores que compunham os quadros humanos do tribunal, as funções que desempenhavam, os vencimentos que auferiam, as suas proveniências familiares, profissionais e académicas. Será depois convidado a visitar os recantos do auditório e cárceres, testemunhando as vivências que enchiam esses espaços. De seguida, deter-se-á, certamente, nos balanços de receita e despesa que nem sempre viabilizaram o seu funcionamento. Terminada esta incursão pela organização interna, observará, finalmente, a máquina inquisitorial em actividade, desde os mecanismos de vigilância à prática processual e penal. Transversais a toda a leitura, as relações que o tribunal foi estabelecendo com outros poderes, como a Coroa, a Igreja, as Ordens Religiosas e Militares.

                                                                                                   

 O Autor

Daniel Norte Giebels é doutorado em Altos Estudos em História pela Universidade de Coimbra e investigador integrado do Centro de História da Sociedade e da Cultura. Foi distinguido, em 2015, com o 1º Prémio Nacional de Ensaio Histórico António Rosa Mendes.

Edição da Gradiva

 

domingo, 16 de julho de 2023

HISTÓRIAS DA VIDA CLÌNICA - 7

  HISTÓRIAS DA VIDA CLÌNICA - 7


                                    O galo

 

     O Serviço Médico à Periferia que nos levou a terras e vivencias desconhecidas foi uma aprendizagem ímpar que eu julgo que continua a fazer falta aos jovens médicos.

     Nos anos setenta as nossas vilas e aldeias do interior eram muito mais povoadas, a maioria analfabetos, mas com uma simplicidade e bondade de caracter que a cada momento nos surpreendia.

       Os que vivem nas grandes cidades e não têm contacto com o povo não compreendem o modo de viver dum povo castigado com decisões sempre hostis e erradas ditadas por interesses mesquinhos que vão despovoando o nosso interior afugentando os médicos deixando-os outra vez entregues a si próprios escolas longe hospitais longe desemprego um convite permanente ao abandono.

    A relação médico/doente era bem diferente do que é hoje -um novo doente era um potencial amigo ainda não havia utentes e muito menos clientes as campanhas anti-médico ainda não tinham começado.

     A aldeia onde fiz consulta durante um ano tinha muito poucos transportes públicos e o carro do médico servia também para transportar doentes que precisavam de internamento ou para se deslocarem à Vila.

    Um dia uma senhora de 50 e poucos anos com uma infecção respiratória com mais de uma semana de evolução e febre alta veio à consulta ,como precisava dum RX e análises avisou a família que podia ter de ficar internada e no final da consulta levei-a ao Hospital fiz um RX -eramos nós que fazíamos os RX não havia técnico- fez análises confirmou-se a suspeita clinica de pneumonia ficou internada dois dias no dia da alta passei no Hospital de manhã e levei a doente para casa que era na aldeia onde fazia consulta.

   Na Consulta seguinte Curada da Pneumonia disse-lhe -pronto agora só necessita de voltar à consulta dentro de 15 dias. Dr estou-lhe muito agradecida por tudo o que fez por mim e na próxima consulta vou trazer-lhe um GALO muito bonito que tenho lá no meu quintal- Deixe estar o galo que não tenho capoeira para o guardar-não, faça uma canjinha que é muito boa dum galo daqueles dá muita saúde.

   Na consulta seguinte confirmou-se que a tosse residual já tinha passado e estava sem queixas.

   O Dr Hoje já vinha a contar com o GALO mas olhe adoeceu um filho meu e tive de o matar para fazer uma canjinha , trago-lhe dois pombinhos, não é a mesma coisa, mas também fazem uma canjinha muito boa.

  Agradeci naturalmente a oferta, mas fiquei mais maravilhado com a sinceridade e simplicidade com que honestamente se justificou, os pombos foram oferecidos a um pombal que havia no Monte onde residíamos.

A doente e a sua família ficaram naturalmente nossos amigos.  

Juramento de Hipócrates

Versão de 1983

A Saúde do meu Doente será a minha primeira preocupação.

Manterei por todos os meios ao meu alcance, a honra e as nobres tradições da profissão médica.


A.M.

 

sexta-feira, 30 de junho de 2023

HISTÓRIAS DA VIDA CLÍNICA - 6

 

         Histórias da vida clínica - 6


                    As Instalações degradadas

 

 

   Os Hospitais têm em geral instalações muito degradadas. 

  Os Hospitais Civis de Lisboa ocupam Edifícios Centenários que pertenceram a antigos Conventos, estão em remodelação permanente, em regra pequenas obras que nada resolvem, e com o passar do tempo vamo-nos alheando desta situação humilhante em que trabalhamos.

   A nossa preocupação é a de melhorar os cuidados médicos, realizar uma medicina de excelência, intervenções cirúrgicas de ponta iguais às que se realizam nos melhores Hospitais do Mundo e vamos esquecendo que as instalações estão cada vez mais degradadas.

   Claro que quando vamos Estagiar no Estrangeiro encontramos uma diferença abismal, em tudo, principalmente na Organização e na Qualidade das Instalações.

  A maioria dos nossos Blocos Operatórios não tem as condições exigidas hoje em qualquer País da Europa, os gabinetes de consulta têm as paredes e as janelas a evidenciar degradação avançada.

 Na verdade, no dia a dia, vamos esquecendo tudo isto e trabalhamos como que anestesiados, orgulhosos do nosso trabalho, foi assim durante muitos anos, claro que na ultima década as coisas pioraram muito e cada vez se passou a ouvir mais entre os médicos -estou a contar os dias para me ir embora.

  O descontentamento alastrou fomos despindo a camisola entrámos numa degradação sem retorno.

  Mas nos anos noventa a vontade era soberana estávamos orgulhosos do nosso trabalho e do nosso Hospital.

   Num dia normal de consulta  chega-nos um doente operado há alguns meses ,satisfeito com os resultados da Intervenção Cirúrgica, vinha mais para agradecer do que para ser consultado. Como residia numa zona com Instalações Termais afamadas e tinha uma         artrite em tratamento recomendei-lhe que poderia aproveitar  as termas para ir tratar a sua poliartrite -e a resposta foi imediata:- Dr as Termas estão muito degradadas ,aquilo está uma desgraça, olhe assim como as Instalações aqui do Hospital as paredes estão assim como estas que o Sr Dr tem aqui no seu gabinete.

  Acordei de repente do meu sonho cor-de-rosa, pensei nestas palavras durante muito tempo e senti-me naturalmente amargurado e humilhado com tão dura realidade.


    A.M.